A História da Animação Japonesa: Como os "Desenhos" do Japão Engoliram o Mundo

Evolução do anime: Astro Boy, Goku e Tanjiro representando diferentes eras da animação japonesa

Cara, para e olha em volta. Hoje em dia, o Neymar tem tatuagem de Goku. A cantora pop mais famosa do mundo cita Sailor Moon. O cinema de Hollywood tenta (e falha miseravelmente) copiar Ghost in the Shell.

O anime venceu.

Mas nem sempre foi assim. Teve uma época em que "desenho japonês" era visto como algo barato, violento demais ou simplesmente "estranho" pro gosto ocidental.

Hoje? A indústria de anime vale mais de 24 bilhões de dólares globalmente. É uma máquina de dinheiro e cultura. Mas como a gente saiu de animações em preto e branco que mal se mexiam para a perfeição visual de Demon Slayer?

Senta aí, pega um café (ou um lámen), porque a história é longa, cheia de reviravoltas e tem um "Deus" no meio. Vamos nessa.

O Início de Tudo e o "Deus do Mangá" (Anos 60)

Se você acha que a Disney inventou tudo, calma lá.

O Japão já fazia animações curtas no começo do século XX, mas a revolução mesmo tem nome e sobrenome: Osamu Tezuka.

Esse cara não era normal. Ele era médico, desenhista e um gênio workaholic. Ele olhou pra Disney e pensou: "Eu quero fazer isso, mas não tenho dinheiro".

Pense no Tezuka como um diretor de cinema independente tentando fazer Vingadores com o orçamento de um comercial de padaria.

Como ele não podia pagar por 24 quadros por segundo (que deixa a animação fluida, estilo Disney), ele inventou a "Animação Limitada".

  • Menos movimento.
  • Mais foco na história.
  • Cenas estáticas dramáticas.
  • E claro, os olhos gigantes (pra expressar emoção sem precisar de muita animação facial).

Em 1963, ele lançou Astro Boy (Tetsuwan Atom). Foi o primeiro anime de TV com episódios de 30 minutos. O Japão parou pra assistir. Ali nascia a indústria.

Osamu Tezuka, o Deus do Mangá, e sua criação Astro Boy
Tudo começou com um médico que amava desenhar e tinha pouco dinheiro

Anos 70 e 80: Robôs Gigantes e a Explosão Nuclear de Akira

Nos anos 70, a coisa ficou séria. O Japão estava se reerguendo da guerra e a tecnologia virou obsessão.

Surgiram os Mechas (robôs gigantes). Mazinger Z e, principalmente, Mobile Suit Gundam mudaram o jogo. Gundam não era só robô batendo em robô; era drama de guerra, política e gente morrendo.

Mas foi nos anos 80 que o mundo tremeu.

Em 1988, estreou Akira.

Olha... eu lembro a primeira vez que vi Akira. Minha cabeça explodiu (quase igual a do Tetsuo). A qualidade da animação era insana. Cada luz da moto do Kaneda deixava um rastro, a fluidez era absurda.

Akira provou pro Ocidente que "desenho" não era só pra criança. Era violento, filosófico e lindo. Foi a chave que abriu a porta pro anime no cinema mundial.

E claro, no meio disso tudo, um tal de Hayao Miyazaki fundou o Studio Ghibli (1985). Enquanto Akira mostrava o futuro distópico, Ghibli mostrava a magia da natureza. Equilíbrio perfeito, né?

A moto vermelha de Kaneda no filme Akira, marco da animação dos anos 80
O filme que fez o mundo ocidental parar e dizer: "O que é isso?!"

Anos 90: A Invasão Global (A Nossa Infância)

Aqui o bicho pegou. Foi a "Era de Ouro" pra nós, brasileiros.

A Manchete, a Band, o Cartoon Network... todo mundo queria um pedaço.

Tivemos três pilares que definiram essa década:

  1. A Porrada: Dragon Ball Z e Yu Yu Hakusho. Ensinaram uma geração inteira a gritar carregando energia.
  2. O "Girl Power": Sailor Moon. Mostrou que menina também salvava o mundo (e com muito estilo).
  3. A Depressão (rs): Neon Genesis Evangelion.

Sério, quem achou que seria uma boa ideia colocar crianças traumatizadas pra pilotar robôs biológicos? Evangelion (1995) desconstruiu tudo. Transformou o anime em terapia.

Foi nessa época que o anime deixou de ser nicho e virou cultura pop. Se você sabe o que é um "Kamehameha", agradeça aos anos 90.

Personagens de Sailor Moon, Yu Yu Hakusho e Evangelion
A trindade dos anos 90: magia, porrada e trauma psicológico

Anos 2000 até Hoje: A Era Digital e o "Big Three"

A virada do milênio trouxe o digital. Ficou mais fácil e barato produzir.

Surgiram os "Três Grandes" (Big Three) da Shonen Jump que dominaram o mundo por 15 anos: One Piece, Naruto e Bleach.

Eles criaram a fórmula do sucesso global: centenas de episódios, amizade, superação e muito, mas muito merchandising.

Mas a verdade é que, nos últimos anos, a coisa mudou de novo. A internet e o streaming (Crunchyroll, Netflix) mudaram o consumo.

Ninguém tem mais paciência pra ver 100 episódios de filler (tô olhando pra você, Naruto).

Hoje, a gente vive a era da Qualidade Visual Extrema.

Animes como Demon Slayer (Kimetsu no Yaiba) e Jujutsu Kaisen entregam uma animação que parece filme de cinema toda semana. O padrão subiu demais. É lindo de ver.

Cena de alta qualidade visual de Demon Slayer, representando a era moderna dos animes
Hoje, cada episódio de TV tem qualidade de cinema. A barra subiu

O Segredo do Molho: Por que é tão diferente de "Cartoon"?

Muita gente pergunta: "Ah, mas qual a diferença de anime pra desenho americano?"

Eu te falo. A diferença tá na continuidade.

No desenho americano clássico (tipo Pica-Pau ou Tom & Jerry), o episódio acaba e tudo volta ao normal. O coiote cai do penhasco e tá vivo no próximo.

No anime, não. Se o personagem perde um braço, ele fica sem braço (ou ganha um mecânico). Os personagens crescem, envelhecem, namoram e morrem.

A gente se apega porque a vida deles anda, igual a nossa. Isso cria uma conexão emocional que o Mickey Mouse nunca vai conseguir ter (desculpa, Disney).

A história do anime é a história de um país que, destruído pela guerra, usou a arte pra sonhar com robôs, futuros e magias. Do traço simples do Tezuka até a perfeição absurda do estúdio Ufotable hoje, o anime nos ensinou que "desenho" pode fazer a gente chorar, pensar e vibrar. E o melhor? Parece que a gente tá só no começo dessa montanha-russa.

Qual foi o primeiro anime que você assistiu na vida? Aquele que te fez pensar "uau, isso é diferente"? Conta sua nostalgia nos comentários!

Perguntas Frequentes (FAQ)

  • Qual foi o primeiro anime da história?

Comercialmente e pra TV, foi Astro Boy (1963). Mas existem curtas experimentais de 1917, como Namakura Gatana (sobre um samurai com uma espada cega).

  • Anime é gênero ou estilo?

No Japão, "anime" é apenas a abreviação de "animation". Qualquer desenho é anime lá (até Shrek). Mas, pro resto do mundo, virou sinônimo do estilo artístico japonês.

  • Por que os personagens gritam o nome dos golpes?

Tem uma raiz no teatro Kabuki japonês e nos mangás, pra explicar pro leitor o que tá acontecendo. E vamos combinar... é muito legal gritar "Bankai!", né?


 

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