Se você cresceu nos anos 90 ou 2000, sabe como as coisas funcionavam. Não tinha Google, não tinha YouTube e não tinha Wiki. A informação vinha do recreio da escola, passada de boca em boca como um telefone sem fio caótico.
"Cara, se você zerar Top Gear sem bater o carro, libera um laser!"
"Sério, meu primo desbloqueou o Goku no Mortal Kombat."
A gente acreditava. E tentava. E se frustrava.
Mas o mais louco é que, no meio de tanta mentirada, algumas histórias absurdas eram verdade.
Hoje, eu vesti meu chapéu de detetive nostálgico pra separar o joio do trigo. Vamos descobrir quais dessas lendas eram reais e quais fizeram a gente de palhaço por anos.
1. A Lenda dos Cartuchos do E.T. Enterrados no Deserto
O Mito: Dizia a lenda que o jogo E.T. The Extra-Terrestrial (Atari 2600) era tão ruim, mas tão ruim, que a Atari não conseguiu vender nada.
Para esconder a vergonha (e o prejuízo milionário), eles teriam carregado caminhões com milhões de cartuchos não vendidos e enterrado tudo no meio do deserto do Novo México, cimentando por cima para ninguém nunca mais achar.

Eles realmente enterraram o fracasso. A prova saiu da terra em 2014
Veredito: VERDADE (e das grandes!)
Pois é. Parecia coisa de filme de conspiração, mas aconteceu.
Em 2014, uma equipe de documentaristas conseguiu permissão para escavar o antigo aterro de Alamogordo. E adivinha? Eles desenterraram milhares de cartuchos do E.T., ainda nas caixas, esmagados e misturados com lixo.
A Atari realmente preferiu jogar tudo num buraco a admitir o fracasso. Eu fico imaginando a cara do executivo assinando essa ordem. Surreal.
2. Mew Embaixo do Caminhão (Pokémon Red/Blue)
O Mito: Essa aqui destruiu a infância de muita gente. O boato era: se você usasse o movimento "Surf" perto do S.S. Anne e fosse até uma ilhota onde tinha um caminhão estacionado, e usasse "Strength" nele... o lendário Mew estaria escondido embaixo.

O caminhão estava lá. O Mew? Só nos nossos sonhos
Veredito: MITO (Desculpa, gente)
Eu perdi horas fazendo isso. Horas.
O caminhão estava lá? Sim, era um asset gráfico perdido no jogo. Mas o Mew? Nunca esteve.
Naquela época, o Mew só podia ser obtido através de eventos oficiais da Nintendo ou através de um glitch (bug) bem complexo que envolvia não lutar com um treinador específico e teletransportar.
Mover o caminhão era pura invenção de recreio. Dói, eu sei.
3. Michael Jackson Compôs a Trilha de Sonic 3
O Mito: Fãs com ouvido apurado juravam que as músicas de Sonic the Hedgehog 3 (Mega Drive) tinham a "pegada" do Rei do Pop. A batida, os samples de voz, o estilo... tudo gritava Michael Jackson. A SEGA negou por décadas. Disseram que era coincidência.

A batida não mentia: o Rei do Pop esteve aqui
Veredito: VERDADE
Mano, essa é a fofoca mais lendária dos games.
Anos depois, Yuji Naka (criador do Sonic) e outros compositores confirmaram. Michael Jackson trabalhou sim na trilha sonora.
Por que esconderam? Duas teorias: 1) O escândalo de abusos que estourou na época fez a SEGA se afastar; 2) Michael não gostou da qualidade do som do chip do Mega Drive e pediu pra não ser creditado.
Se você ouvir a música da Carnival Night Zone e depois "Jam" do Michael, é a mesma música. Não tem como negar.
4. Soprar o Cartucho Fazia o Jogo Funcionar
O Mito: A tela ficava preta ou o jogo travava. A solução universal? Tirar a fita, soprar os contatos com força (aquela soprada úmida) e colocar de volta. Mágica! Funcionava na hora.

O "conserto" técnico mais famoso (e errado) da história
Veredito: MITO (Na verdade, a gente tava matando o jogo)
"Ah, mas funcionava comigo!"
Calma, eu explico. O que fazia o jogo voltar a funcionar não era o sopro. Era o ato de tirar e colocar o cartucho, o que realinhava os contatos de metal.
O sopro, na verdade, jogava saliva (umidade) nos pinos de cobre. Com o tempo, isso causava oxidação (ferrugem).
Ou seja: a gente achava que tava consertando, mas tava estragando a fita a longo prazo. Eu sei, eu também fazia isso. A gente não sabia de nada, inocentes.
5. Polybius: O Arcade que Causava Lavagem Cerebral
O Mito: Nos anos 80, teria existido uma máquina de arcade chamada Polybius em Portland. Diziam que o jogo causava amnésia, pesadelos e até suicídios. Homens de terno preto (governo?) vinham coletar dados da máquina periodicamente. Um dia, todas as máquinas sumiram sem deixar rastro.

O jogo que nunca existiu... ou será que existiu?
Veredito: MITO (Provavelmente)
Essa é a "lenda urbana" definitiva. Nunca foi encontrada uma única peça de hardware, uma foto real ou um código (ROM) do jogo original.
Acredita-se que a lenda nasceu de uma mistura de fatos reais: alguns jogos da época (como Tempest) realmente causavam epilepsia em algumas pessoas, e o governo americano usava arcades para fiscalizar jogos de azar. A imaginação popular juntou tudo e criou o monstro. Mas até que se prove o contrário... é ficção pura.
O mundo dos games é feito de códigos, mas também é feito de histórias. Saber que o E.T. realmente foi enterrado ou que o Michael Jackson cantou pro Sonic torna tudo mais mágico, né? E sobre soprar a fita... bom, a gente aprende vivendo. O importante é que essas lendas, reais ou não, uniram a gente na frente da TV tentando o impossível.
E você? Qual mentira cabeluda te contaram na escola que você acreditou por anos? O código pra tirar a roupa da Lara Croft? O Sheng Long no Street Fighter? Conta sua vergonha aí nos comentários!
Perguntas Frequentes (FAQ)
- É verdade que o Luigi estava em Super Mario 64?
Não na versão original lançada. A placa "L is Real 2401" era só uma textura borrada. Mas, anos depois, vazaram o código fonte do jogo e descobriram que o modelo 3D do Luigi estava nos arquivos, mas foi cortado. Então... meio verdade?
- Aquele código de reviver a Aeris em Final Fantasy VII existe?
Não. A morte dela é parte central do roteiro. Não tinha item, nem quest secreta. A única forma era usando Gameshark (hacks). Aceitem o luto, gente.
- Os cartuchos do E.T. ainda funcionam?
Surpreendentemente, alguns dos que foram desenterrados ainda funcionavam (mal e porcamente, cheios de terra), mas rodavam o jogo!
Créditos:
- Documentário "Atari: Game Over" (2014).
- Entrevistas com Yuji Naka (Twitter/X).
- GameTrailers / Pop Fiction (Análises de mitos).
