Olha, eu adoro Jujutsu Kaisen e Demon Slayer. A animação é linda, as lutas são insanas. Mas vamos ser sinceros? Às vezes parece que falta um "tempero". Falta aquela sujeira, aquela profundidade ou simplesmente aquele estilo que só os anos 90 e 2000 tinham.
Se você começou a ver anime agora, pode achar que tudo que é velho tem "gráfico ruim" ou é lento.
Grande erro. Uma pesquisa rápida em fóruns como o MyAnimeList mostra que 4 dos 10 animes mais bem avaliados da história foram lançados antes de 2010.
A gente tá falando da base. Dos pais da matéria.
Eu separei aqui 5 obras-primas que não envelheceram um dia sequer. E digo mais: se você assistir a esses cinco, sua régua de qualidade vai subir tanto que vai ser difícil gostar de qualquer isekai genérico depois. Bora?
1. Cowboy Bebop (O Pai do "Cool")
Cara, não existe — e eu repito, NÃO EXISTE — anime mais estiloso que Cowboy Bebop.
Lançado em 1998, ele mistura caçadores de recompensa espaciais, naves velhas, jazz, blues e kung-fu.
- A vibe: Imagina se o Tarantino dirigisse um anime no espaço. É isso. A trilha sonora da Yoko Kanno é tão boa que você vai querer ouvir no Spotify o dia todo.
- Por que assistir: Porque são só 26 episódios. Sem enrolação. A história do Spike Spiegel é adulta, melancólica e cheia de ação. O final? Irmão, o final vai te deixar olhando pro teto por uma semana. É arte pura.

"Bang": o final mais icônico da história dos animes

2. Bleach (O Rei do Estilo)
Muita gente da nova geração torce o nariz pro Bleach porque ouviu falar que "tem muito filler". E tem mesmo (pula eles, sério). Mas tirando isso? Bleach é a definição de "drip".
- A vibe: Ichigo Kurosaki é um adolescente que vê fantasmas e vira um Ceifeiro de Almas (Shinigami) substituto. O autor, Tite Kubo, não desenha personagens, ele desenha modelos de passarela com espadas gigantes.
- Por que assistir: A saga da "Sociedade das Almas" é, sem exagero, um dos melhores arcos de batalha da história dos shonens. As lutas são viscerais, as Bankais (poderes finais) são de arrepiar e a trilha sonora rock/eletrônica te deixa hypado na hora.
- O detalhe: O design dos vilões (os Espadas) humilha 90% dos vilões de hoje. Se você curte visual e pose de malvadão, Bleach é obrigatório.

Quando ele gritava "Bankai", a gente sabia que o bicho ia
pegar

3. Yu Yu Hakusho (A Lenda Brasileira)
Se você é brasileiro, você tem uma obrigação moral de assistir isso. E tem que ser DUBLADO.
A história do Yusuke Urameshi, o bad boy que morre atropelado tentando salvar uma criança e vira detetive espiritual, é ouro puro.
- A vibe: Torneio de luta. Muito torneio. É porrada franca, sangue e estratégia.
- Por que assistir: Pela dublagem. Sério. Nos anos 90, os dubladores brasileiros meteram o louco e colocaram gírias locais. Você vai ouvir o herói gritando "Rapadura é doce mas não é mole não!", "Tô na área, se derrubar é pênalti" e chamando os vilões de "zé ruela".
- É bom mesmo? O arco do "Torneio das Trevas" coloca qualquer torneio de Dragon Ball Super no chinelo. Togashi (o autor) é gênio.

"Não conheci o outro mundo por querer!": o clássico da TV
Manchete

4. Neon Genesis Evangelion (A Terapia de Choque)
Você gosta de robôs gigantes batendo em monstros? Legal. E se eu te dissesse que o robô é a parte menos importante?
Evangelion não é um anime de mecha. É um estudo sobre depressão, solidão e o medo de se conectar com as pessoas (o tal do "Dilema do Ouriço").
- A vibe: Shinji é um garoto de 14 anos forçado pelo pai horrível a pilotar um robô biológico para salvar o mundo. E ele odeia isso. Ele chora, ele trava, ele surta.
- Por que assistir: Porque ele mudou a indústria. Antes de Eva, anime era mais "herói corajoso". Depois de Eva, os animes começaram a olhar pra dentro da mente humana. O final é confuso? É. Mas vai alugar um triplex na sua cabeça pra sempre.

Não é sobre robôs, é sobre traumas. Entre no robô, Shinji

5. Fullmetal Alchemist: Brotherhood (A Perfeição)
Eu não uso a palavra "perfeito" à toa. Mas Brotherhood beira a perfeição.
É a história dos irmãos Elric, que tentaram usar alquimia para reviver a mãe morta e pagaram um preço terrível (um perdeu o braço e a perna, o outro perdeu o corpo todo).
- A vibe: É uma jornada épica num mundo onde alquimia é ciência. Tem conspiração política, tem guerra, tem religião e tem cenas de luta absurdas.
- Por que assistir: O roteiro não tem furos. Tudo, absolutamente tudo que acontece no episódio 1 se conecta com o final. Não tem ponta solta. É uma aula de como escrever uma história. Se você assistir a esse anime e não chorar na história da menininha e do cachorro... você não tem coração.

A lei da Troca Equivalente: para ganhar algo, é preciso dar algo em
troca

Mitos que a gente precisa quebrar
Assistir anime antigo é igual ouvir vinil. Pode ter um chiado? Pode. A imagem pode ser 4:3 (quadrada)? Sim. Mas a alma que tem ali é insubstituível.
- "Ah, a animação é ruim." Mentira. Veja a luta do Asuka em Evangelion ou qualquer luta do Cowboy Bebop. É tudo feito à mão, frame por frame. Tem um peso que o CGI de hoje não consegue copiar.
- "É muito lento." Na verdade, eles davam tempo pros personagens respirarem. Hoje é tudo correria e corte rápido pra prender atenção de quem tem déficit de atenção. O ritmo antigo constrói tensão.
Não adianta só viver de hype da temporada. Pra entender de verdade o que é anime bom, você precisa beber da fonte. Esses 5 títulos não são apenas "desenhos velhos"; são os pilares que sustentam tudo o que você assiste hoje. Dê uma chance pro velho Spike ou pro Ichigo. Te garanto que você vai sair dessa maratona pedindo mais.
E aí, vai começar por qual? Pelo estilo do Bleach ou pela depressão do Evangelion? Comenta aí embaixo qual clássico faltou nessa lista!
